domingo, 21 de fevereiro de 2016

Nunca mais meu pai falou: She's leaving home

Eu que sou de idas, parece que morri junto com a quarta-feira de cinzas
Estou gostando de ficar, penso cada vez mais em ficar, embora o desejo de partir sempre sussurre aos domingos de céus rosados, e quando surge o medo de ficar "como as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar"¹.
Tenho deixado cada vez mais de me reconhecer em Sabina, estou perdendo a insustentável leveza do ser, talvez esteja prestes a carregar o peso, as traições já não me atraem, se tornaram enfadonhas.  A parte que me cabe da divina comédia humana talvez esteja me alcançando.
São outros tempos dentro de mim.

Como Poe, poeta louco americano,
Eu pergunto ao passarinho: "Black bird, o que se faz?"²





1 Raul: Medo da Chuva
2 Belchior: Velha Roupa Colorida

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Carta

Já dizia Fernandinho Pessoas "todas as cartas de amor são ridículas".
Lendo as cartas de Fernandinho (como assim assinava) para a sua amada Ophélia, cheguei a conclusão de que o mesmo afirmou isso com conhecimento de causa. As cartas de Fernandinho eram sim, deliciosamente ridículas, como o Nininho da Nininha complementou "não seriam cartas de amor se não fossem ridículas", quem olha para Álvaro de Campos diria que aquele jamais seria capaz de tamanha melosidade. Quem diria?! Os pessimistas também amam.
Ler as cartas de Pessoa dá uma nostalgia de uma época que não vivi, um rancor velado de janelas de feices e e-mails que nos dão cotidianamente a falsa ilusão de proximidade, nos prendendo no quarto e na casa dos limitados caracteres, além disso, há algo na atmosfera terrestre do século XXI que não sei explicar, como se estivesse proibido todas as expressões do ridículo amor. Pegar no papel e na tinta, pensar na pessoa amada ou nas pessoas amadas, desejadas e destilar ridicularidades, saudades, mimos e algumas vezes praguejar contra a pessoa amada porque tu agora ama sozinho.

Lendo as cartas de nininho pra nininha, floresceu em mim a vontade de escrever uma carta, mas ela não é escrita.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Memórias das Minhas Viagens (ou das janelas dos ônibus) parte 1

Das paisagens que me alegraram os olhos...

Como tem aí do ladinho do meu perfil, Geógrafa em formação e feminista por irritação. 

Retifico a informação atrasada: Geógrafa de formação (sim, me deram um pedaço de papel verde que leva o nome de diploma) e continuo sendo feminista por irritação.

Vida de viajante... digo, vida de geógrafa...

No curso de Geografia se viaja, depois viaja e depois viaja mais um pouco. 
Pelos lugares que passei de lá ficaram em mim as impressões, sentimentos, lembranças, saudades.
Vou começar a contar o relato das minhas andanças de trás para frente, assim inicio pelo Sudeste, mais precisamente a princesa capixaba Vitória, capital do Espírito Santo.

Eu sou aquele ponto que está uma mistura de PT com PSDB


Eu juro que essa foto não foi proposital

SIM, Vitória é linda! Pessoas educadas, boa mobilidade urbana, tudo é perto, quadras bem definidas, você não se perde. Prédios, muitos prédio e pontes muitas pontes, paisagem bem estranha aos meus olhos tão acostumados com o interior. 

Durante uma semana Vitória foi invadida por Geógrafos de todo o país, 5 mil geógrafos andando, bebendo, pegando uns back, cantando, falando do Estado, da luta de classes e outras geografices na capital do ES. Eu olhava para o lado e logo reconhecia os meus pares. 

Vitória 15 ºC, eu nordestina, sertaneja, não lembro de ter passado tamanho frio em toda vida. Logo ao chegar na capital meus olhos logo se deslumbraram com a bela paisagem. Com o passar dos dias a paisagem parece que deixou de fazer tanto sentido para mim, já não me trazia tanta alegria aos olhos, talvez o frio e a nebulosidade tenha ajudado. Faltava algo que só os cáctus da caatinga talvez suprisse, mas, navegar é preciso.

Interessante que passei uma semana por lá e não tenho muito o que falar sobre essa viagem além das belas paisagens, com o tempo aquela  paisagem dos edifícios remontaram a vazios, a praia parecia da janela do hotel, gelada, desejante de crianças com baldes de areia. E mesmo assim, estranhamente, era lá que queria estar naquele momento. Quando tu escolhes teu destino não há como fugir dele. "Minha vida é andar por esse país pra ver se um dia eu descanso feliz".

Sigo com as andanças.


terça-feira, 10 de junho de 2014

O velho Buk

De todos os textos do Buk que já vi esse foi o mais fantástico até agora. Essas pessoas embotadas deixam um peso de alma, a solidão é mais leve que a convivência com elas. 



"Algumas pessoas vão lhe encher o saco. Não vão entender o que você esta tentando fazer. Vão bater na sua porta e vão sentar numa cadeira e consumir seu tempo sem lhe acrescentar nada. Quando muitas pessoas nulas aparecem e seguem aparecendo você tem que ser cruel com elas, pois elas estão sendo cruéis com você. Você tem que bota-las pra correr. Algumas pessoas que são interessantes por si só trazem energia e luz próprias, mas a maioria não ter serventia alguma, nem para você, nem para elas mesmas. Tolerar os embotados não é sinal de humanidade, apenas aumenta o seu próprio embotamento e eles sempre deixam um pouco desse peso com você quando vão embora."
do livro Pedaços de um caderno manchado de vinho -  Charles Bukowski 

domingo, 30 de março de 2014

Coraçao vagabundo





Música de Caetano, mas que com a interpretação de Ana Cañas ganhou um sentido diferente... é uma mulher cantando para si mesma... A imaginação infantil de um vulto feliz de mulher que quer guardar o mundo dentro de si.


Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher
Que passou por meus sonhos
Sem dizer adeus
E fez dos olhos meus
Um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim

sábado, 22 de março de 2014

A Dança da Vida

Nunca matei ninguém, é verdade, mas por falta de coragem ou de tempo, e não por falta de querer. (Galeano -  O livro dos Abraços)

Ódio, amargo fel que se engole por vontade alheia.

Nós/Eu tão convicta de teorias
Invadida pelo cotidiano da Dança da Vida
Em que melindrosas desnecessidades  me invadem por dentro do osso
Me toma como a força do seu contrário
Talvez, pelo contrário?
Escrevo para ver se me livro da vontade do suicídio do outro
Porque, agora imagino que sou mais má que boa
Reconheço isso: sofro, angustio-me, e satisfaço-me
A Dança Cotidiana que é mais forte que a filosofia de Nietzsche, e as teorias de Marx
O cotidiano dos sentimentos é que te pega
Eles dançam, flutuam no espaço, deitam em cima de mim
Estão nos meus ombros e em cima da minha cabeça
Quero matar o alheio, como se assim matasse um a um deles
Quem ama mata
E a quem se odeia  se mata com mais convicção
Sem a miséria do discurso sentimental pelo lixo do primeiro


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Ah! a paixão... (que título ruim)

Ah! a paixão... essa esquizofrenia.
Esse enjoo contínuo... essa angústia que fica rodando o dia inteiro o meu estomago.
Esse daltonismo seletivo...essa vontade de vomitar.
Quem dera que a paixão passasse como uma ressaca, vomitasse tudo de uma vez e você se sentisse aliviado, passou, dirá até: nunca mais bebo na vida, e depois ta lá você de novo em outro porre.
Aah que maravilha! Mais uma água de coco e estou curada. Sem sintomas de dengue. Não há mais esquizofrenia dos rostos alhei-os que se misturam com o teu, todos são tu, mesmo não tendo nem o mesmo tom de pele. Passaria o enjoo, a diarreia, a febre.
Que paz, passar o dia inteiro sem pensar besteira, a besteira que é tu.
Ah! sonhar é bom, eu continuo com a vontade de vomitar.